A extração de dentes sisos (também chamados de terceiros molares ou dentes do juízo) é um dos procedimentos mais comuns em cirurgia bucal. Entretanto, deve ser criteriosamente avaliada. Isso porque, muitas vezes, eles são retirados sem a devida necessidade, o que pode levar a vários problemas.
Neste artigo, entre outros aspectos, explicamos as indicações e contraindicações à cirurgia de remoção dos terceiros molares, bem como os prós e contras da intervenção. Confira!
Em qual idade os terceiros molares surgem?
Os terceiros molares são os últimos dentes a se formarem na boca, erupcionando como os últimos dentes “do fundo” das arcadas. Em média, eles completam sua formação entre 15 e 25 anos de idade. Daí o termo “dente do juízo”, porque acompanham a maturidade psicológica dos seus donos.
Mas, por que eles existem? Nossos antepassados pré-históricos mastigavam alimentos fibrosos e duros, como plantas e carnes cruas, lembra? Nessa época, os sisos tinham bastante espaço para erupcionar e se estabelecer em posição funcional.
Entretanto, ao longo da evolução humana, com o advento da cocção dos alimentos, estes se tornaram cada vez mais macios. Com isso, mandíbulas e maxilas não precisavam mais ser tão grandes e fortes. Diminuindo a carga mastigatória, diminuiu desenvolvimento das arcadas, diminuiu o de espaço. Hoje, muitos dos sisos erupcionam parcialmente, às vezes não erupcionam e ficam retidos dentro dos ossos maxilares, outras vezes nem se formam.
Quando estão presentes, não justifica extraí-los indiscriminadamente . A odontologia neurofocal (ONF) mostra que os sisos estão relacionados ao coração, ao sistema nervoso periférico, às colunas cervical, torácica e sacra, ao ouvido interno e outras estruturas. Ou seja, eles fazem parte de circuitos energéticos e são importantes!
Quando a extração de dentes sisos é indicada?
Segundo a Dra. Elisa Baumgarten, dentista clínica biológica do Conscientia – Centro de Odontologia Integrativa, localizado em Florianópolis, SC, a extração de dentes sisos somente é indicada:
- quando estão extremamente cariados;
- quando estão parcialmente subgengivais, levando ao acúmulo de resíduos e, consequentemente, ocorrência de inflamações ou até infecções não passíveis de controle com uma higiene instruída e bem focada;
- quando existe um descolamento da gengiva em contato com os sisos, levando à formação de uma bolsa periodontal não passível de ser tratada ou administrada;
- quando existe um cisto dentígero, um tipo de tumor intraósseo benigno;
- e quando os sisos estão impactados nos dentes à sua frente, os 2 molares, colocando-os em risco.
Já em caso de dentes sisos inclusos (que não aparecem na boca e não têm função),deve-se avaliar se eles estão ou não causando problemas. Dados de tomografias, biorressonância, sintomas, são critérios para decidir por extração ou não.
“Quando relacionados a dores na região do ouvido (provavelmente relacionados à ATM, articulação têmporo-mandibular),por exemplo, pode ser necessário removê-los. Porém, se estiverem muito próximos de troncos nervosos, corre-se o risco de afetar esses troncos nervosos na cirurgia, levando à parestesia (sensação de formigamento ou dormência) permanente”, exemplifica.
Como o diagnóstico de sisos “problemáticos” é obtido?
A decisão de extrair ou manter os sisos não é simples. É sempre, na nossa opinião, se podemos fazer isso de forma precoce, entre 14-18 anos.
“A realização da radiografia panorâmica aos sete anos é mandatória, pois permite observar o desenvolvimento de muitas estruturas bucais, incluindo os sisos”, orienta a especialista. Ao longo do crescimento, pode-se fazer radiografias de acompanhamento, a cada dois ou três anos, como parte da rotina odontológica.
E nesse processo, podemos tomar decisões importantes:
- É possivel expandir essas arcadas para incluir os sisos?
- Se sim, e estamos trabalhando nessa expansão, ela está sendo eficaz? ou…
- Não teremos ganhos na manutençào dos sisos, melhor extrair. Se essa extração puder ser feita de forma mais precoce, sem o desenvolvimento completo das raízes, a cirurgia é mais simples e evita muitas complicações possíveis quando as raízes estiverem formadas.
Sempre que se optar por extração ou possibilidade de, esta deve ser tomada, em primeiro lugar, com base na tomografia computadorizada. Os exames de imagem são fundamentais para se avaliar a relação do siso com os troncos nervosos principais da região. Mas tudo é individualizado, as estratégias são sempre personalizadas.
Saiba mais em: Tire suas dúvidas sobre a ortopedia funcional dos maxilares
Como funciona uma extração de dentes sisos perfeita?
Quando, após a avaliação aprofundada, decidimos que fazer a extração de dentes sisos inclusos (interferentes) é a melhor opção para o paciente, e ele está de acordo com isso, deve-se:
- escolher uma época adequada, nunca próximo de momentos de estresse, como o período de vestibulare ou em fases críticas da vida;
- preparar-se para o procedimento, por meio da ingesta de uma alimentação anti-inflamatória, após análise de exames bioquímicos que solicitamos, suplementar vitaminas ou minerais quando isso é necessário;
- preparar-se para o pós-operatório, reservando alguns dias tranquilos para se recuperar.
Em relação à cirurgia, propriamente dita, após a remoção do dente de dentro do osso, realiza-se a limpeza antimicrobiana com a ozonioterapia (borbulhamos ozônio dentro do alvéolo),promovendo a assepsia e favorecendo a regeneração dos tecidos”, explica Dra Elisa. O ozônio na forma gasosa tam’bem pode ser injetado na região previamente à cirurgia e posterior à ela para otimizar a cicatrização. “Depois, colocamos o PRF (plasma rico em fibrina). Esse é um gel preenchedor, constituído por uma fração do sangue do próprio paciente, rico em células tronco, linfócitos e fatores de regeneração óssea”, complementa. Somente após esses cuidados, o local é suturado.
A recuperação é otimizada com a homeopatia e, às vezes, com fitoterapia, evitando, sempre que possível, o uso de antibióticos, que interferem no microbioma protetor do paciente, oral e intestinal. Antibióticos são necessários apenas em extrações muito traumáticas, sendo administrados por alguns dias apenas.
Quando a extração de dentes sisos é equivocada?
A extração de dentes sisos é considerada equivocada quando feita pelos motivos errados. É o caso, por exemplo:
- de quem diz que os terceiros molares vão entortar os dentes anteriores — hoje em dia, sabe-se que isso não acontece;
- de quem afirma que eles têm que ser removidos por deixarem a gengiva da região mais vermelha (inflamada) — isso costuma ser resolvido com higiene adequada; só após tentar todos recursos disponíveis (atenção, escova adequada, óleo ozonizado, etc) sem sucesso é que se toma uma decisão.
- de quem defende que, se é preciso extrair um siso problemático, vale a pena extrair todos, mesmo saudáveis — sob o argumento de que a simetria é o mais importante. Isso deve ser avaliado com cuidado e caso a caso.
O que pode ser feito para manter os sisos em boca?
As coroas dos sisos começam a se desenvolver na infância (em média, entre sete e dez anos). Quando a radiografia panorâmica mostra que falta de espaço para eles conseguirem se desenvolver adequadamente, é necessário aumentar o espaço da boca. É aí que entra a OFM.
“O crescimento de bocas de crianças é estimulado com grande facilidade. O tratamento pode começar ainda na primeira infância, dependendo, é claro, da maturidade de cada criança. Na prática, a OFM gera espaço para que a mandíbula e a maxila tenham um volume suficiente para comportar os sisos”, esclarece Dra. Elisa.
Extrair os sisos, pura e simplesmente, não é mais rápido e barato?
De fato, fazer a extração de dentes sisos é mais rápido e barato do que fazer um tratamento de OFM para expandir as arcadas. Porém, é preciso analisar a repercussão sobre a saúde.
Você sabia que quanto mais dentes em boca, maior o volume bucal e, consequentemente, melhor, provavelmente, a qualidade do nosso sono? Há quem desenvolva apneia — condição relacionada a alterações cardiovasculares e neuropsicológicas, além do ronco — devido à remoção dos sisos. Isso porque, o procedimento reduz a cavidade bucal, fazendo com que a língua precise se recolher em direção à orofaringe e obstrua a passagem do ar.
Portanto, quando se trata de cuidados bucais, é importante pensar em termos de custo/benefício, não apenas custo. Deve-se ponderar muito bem antes de fazer uma extração de dentes sisos, preferindo mantê-los em boca sempre que possível!
Esperamos ter esclarecido suas dúvidas. Para acompanhar as próximas publicações, conferir mais dicas sobre saúde bucal e integral e conhecer os diferenciais do Conscientia, siga-nos no Facebook e no Instagram!