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Mindfulness

Por que realizo meditação todos os dias há 40 anos?

O Mindfulness — traduzido como atenção plena — foi a escolha da Dra. Elisa Baumgarten para manter a meditação diariamente em sua vida. Além de contribuir com a abordagem da odontologia integrativa, a técnica traz uma série de benefícios para quem a pratica. Por isso, faz parte das terapêuticas oferecidas no Conscientia.

Neste artigo, nossa especialista fala mais a respeito e dá dicas para quem deseja começar a meditar. Confira!

Como a meditação entrou na sua vida?

“Eu sempre intui algo transcendental, algo maior, isso sempre me chamou desde pequena, quando passava horas no jardim de casa analisando bichinhos e plantas e vivenciando a beleza e inteligência por trás da natureza.  Ao mesmo tempo, já maior, minha inquietação mental me tornou uma pessoa bastante agitada, que precisava de momentos de aquietação.

A primeira vez que eu vivenciei esse aquietamento, essa paz interna, foi no ioga, por meio de suas práticas físicas. Depois, ainda no ioga, a prática da meditação baseada na concentração sobre a respiração me trouxe alguns momentos eureka de expansão de consciência, mas não entendia bem o caminho para conseguir esse estado “diferente”. Mas sabia que era uma técnica que me acalmava, que abaixava a agitação e ia ao encontro com a minha busca por algo maior.

Algum tempo depois, quando minhas filhas nasceram, a meditação era um espaço-tempo na vida que me proporcionava um momento só meu, eu comigo mesma, de internalização. Na época, eu acordava muito cedo, às 4 e meia da manhã, para meditar. Esse era o momento que eu conseguia ficar comigo mesma, longe de falatórios, do trabalho e da agitação física e de todas as demandas da vida. Assim, a meditação me trazia conforto, se tornou indispensável.

Mas, ao mesmo tempo em que havia períodos em que eu meditava bastante, ainda que sem uma  técnica clara para mim, havia fases nas quais eu não meditava por conta das exigências externas. Nessa época, eu ainda não entendia a abrangência e poder da meditação, fazendo com que fosse algo alternante na minha vida.

Então, em períodos de maior agitação eu não meditava — justamente o contrário do que se deve fazer. Isso apenas mudou quando o Mindfulness entrou na minha vida.”

Dentre tantas técnicas, por que você optou pelo Mindfulness?

“Quando o Mindfulness entrou na minha vida, eu já tinha experimentado diversas técnicas de meditação guiada. No entanto, não conseguia atinar aqueles estados de consciência mais abertos e inesquecíveis, que eu havia vivenciado no ioga.

Quando eu conheci o Mindfulness, tudo se encaixou. Nossa mente é como um ‘macaquinho bêbado’, que fica falando sem parar, pulando de galho em galho. O Mindfulness me mostrou que a concentração é um trabalho, um exercício para treinar a mente relaxar, para que ela fique mais plácida.

O que considero muito importante no Mindfulness é que ele tem a proposta de ser integrado no dia a dia. Você pode ter atenção plena enquanto você está caminhando, respirando, comendo, trabalhando, lavando louça… Esse estado de maior atenção é muito esclarecedor sobre nós mesmos.”

Por que o Mindfulness vai além da meditação?

“No Mindfulness, a gente vai além das práticas de respiração.  Podemos praticar a atenção com foco no nosso corpo e ganhar um grande poder de conexão e domínio sobre ele.  Podemos explorar o entorno através dos nossos sentidos, aguçando nossas percepções dele, e percebendo coisas que normalmente nos passam completamente desapercebidas.  E vamos além: podemos “entrar em perspectiva”, isto é, abdicar de ficar identificados com dores físicas, pensamentos e emoções e olhar pra nós mesmos.  Percebemos então o padrão reativo das nossas emoções, a inquietude da mente e a geração espontânea de pensamentos que não podemos controlar – mas que podemos observar.

O bacana é que ele nos ensina a olhar para tudo e não lutar contra, apenas observar o reconhecer. Quando reconhecemos a partir desse lugar descolado, não identificado com pensamentos e emoções. Dessa maneira, com o tempo, vamos alinhando nosso corpo, nossa mente e a emoção com essa parte nossa que podemos chamar de OBSERVADOR, nossa IDENTIDADE. Quando tudo está alinhado, trabalhando em uníssono, podemos chamar isso de CONSCIÊNCIA.

Assim, o Mindfulness é muito mais do que uma meditação. Trata-se de um programa de autoconhecimento e de autogerenciamento. Não significa que nos livrará de todas as dores, mas podemos reconhecer que algo dói e onde dói. Como dizia um guru já falecido, ‘if you know how you suffer, you suffer less’ (‘se você sabe quo você sofre, você sofre menos’). Se você sabe o que incomoda, onde incomoda, pode mobilizar-se na direção de uma solução.

Na prática, é um grande complemento para quem faz terapia, pois ele abrevia muito o processo terapêutico.

Quais as melhorias advindas da sua prática diária?

“As melhorias são inúmeras. Primeiramente, ficamos mais concentrados, calmos, conscientes e, ao mesmo tempo, menos reativos.

Conseguimos perceber o que nos faz bem e como impactamos no meio ambiente. Passamos a comer melhor, dormir melhor… Enfim, a ter atitudes mais saudáveis!

Ao mesmo tempo, começamos a evitar, naturalmente, situações estressantes. E, quando são inevitáveis, conseguimos nos manter mais tranquilos.

Porém, o suprassumo da técnica é proporcionar um alto nível de consciência, no qual ficamos conectados com nós mesmos, com o que temos de melhor. Isso possibilita contemplar e refletir sobre uma série de aspectos da nossa vida.

A partir desse estado consciente, mais maduro e elevado, podemos perceber qual é nossa inserção no mundo. Consequentemente, podemos identificar o que pode ser feito para melhorarmos. Há um processo de autogerenciamento a partir do nosso melhor.”

Como é o curso de Mindfulness oferecido no Conscientia?

“Nosso curso abrange todo o caminhar em busca das percepções mais profundas, o que é obtido por meio de alguns exercícios. No início, os alunos apenas se observam, algumas vezes, ao longo do dia. Depois, passam a meditar diariamente, por 5 a 10 minutos, observando a inspiração e a expiração. Nessa fase, o objetivo é treinar a persistência, a qual é essencial para adotar o método.

Assim, o aluno começa a perceber pequenos movimentos corporais, sentindo o ar passando pelas fossas nasais e entrando no pulmão. As percepções refinadas do ato de respirar, além de muito gratificantes, funcionam como um exercício de concentração.

Outro exercício que utilizamos bastante é o body scan, conhecido como leitura do corpo. A ideia de escaneamento é fazer com que os alunos se conectem com todas as partes dos seus corpos, as quais, muitas vezes, passam desapercebidas.

Com isso, adquire-se consciência de tensões musculares, dores e anomalias que, até então, passavam despercebias. Logo, quando a pessoa consegue entrar nesse exercício, que é uma âncora atencional, a sensibilidade para com o próprio corpo melhora muito.

Além disso, é possível fazer o escaneamento corporal autocompassivo. No caso, trabalhamos a vertente da autocompaixão, para que o aluno tenha mais apresso por si mesmo e não se trate com desprezo.

Existem, ainda, os exercícios ativos, como caminhar com atenção plena. Para executá-lo, caminhamos muito vagarosamente, percebendo cada palmilhar dos pés no chão.

O Mindfulness ativo também é feito durante as refeições. No caso, a alimentação ocorre mastigando profundamente, descansando o garfo na mesa, sentindo o sabor dos alimentos, percebendo o que lhe faz bem ou não.

Na parte final do curso, executamos os exercícios mais complexos. Esses consistem, especificamente, em aprender a observar os pensamentos e as emoções. Em suma, o curso busca despertar a atenção expandida.”

Os benefícios do curso ultrapassam os cuidados odontológicos?

“Certamente. A aplicabilidade do Mindfulness nos cuidados odontológicos é a percepção do nosso corpo, a identificação de tensões — cuja origem, muitas vezes, são emoções.

Quer um exemplo? Não adianta apenas colocar uma placa para resolver um bruxismo. É preciso olhar para a dor, vivenciá-la e conseguir drená-la. Do contrário, a pessoa se tensiona inteira.

Assim, o Mindfulness permite relaxar e ficar de bem com a vida. Isso, por sua vez, tem um impacto muito maior do que apenas na odontologia.”

Você tem alguma dica para quem deseja começar a meditar?

“Eu sempre digo que se concentrar é dificílimo. No começo, conseguir meditar todos os dias é, realmente, complicado. No entanto, contemplar (estar consciente) é muito fácil! Então, uma vez que você consiga superar a primeira arrebentação, referente aos exercícios de treino, é possível encontrar prazer na meditação (em se observar).

Dito isso, vamos às dicas. Para os exercícios físicos fazerem efeito, deve-se treinar regularmente, certo? Com a meditação ocorre da mesma maneira! Ela deve ser feita todos os dias, para pegar o jeito e engrenar.

Mas, atenção: não comece em uma fase super estressante. Apesar de ser indicado meditar nesses períodos, se estiver muito estressado você pode desistir. Assim, além de escolher um bom momento, é preciso encontrar um professor com o qual você se identifique, que aborde assuntos do seu interesse.

Outro ponto importante: o Mindfulness é bastante indicado como tratamento complementar deodepressão leve. Mas, em casos de depressão não tratada, não queira meditar. Não é aí que você vai ‘se resolver’.”

Para queo a meditação Mindfulness é indicada?

“Uma das principais indicações da meditação é a redução da ansiedade, distúrbio que acomete pessoas de todas as idades. Mas, na verdade, o maior impacto do Mindfulness é o bem-estar, por meio do acesso à sua consciência, da descoberta da sua verdadeira identidade. Tudo isso reflete, logicamente, em uma melhor autoconfiança, a um maior relaxamento, além de aumentar foco e a atenção.

No Conscientia, abrimos novas turmas de Mindfulness periodicamente. Se tiver alguma dúvida ou caso queira saber mais, entre em contato conosco!

Publicado por:
O Conscientia, Centro de Odontologia Integrativa, surgiu da união de profissionais que amam a saúde, a beleza do equilíbrio e a harmonia da natureza

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