Quando bem indicado, o uso de aparelho dental é transformador. “A boca está relacionada com a alimentação, respiração e olfação, sustentação postural e até com a expressão emocional”, destaca Dra. Elisa Baumgarten. Dentista biológica do Conscientia – Centro de Odontologia Integrativa, localizado em Florianópolis, SC, ela é expert no assunto!
Se você tem dúvidas a respeito — ou até se não tolera a ideia de utilizar aparelhos intraorais — este artigo certamente irá ajudar. Continue a leitura e saiba mais!
Quando o uso de aparelho dental é indicado?
O aparelho dental é indicado para corrigir dentes tortos, má oclusão ou falta de volume bucal. No entanto, o ideal é que o dentista consiga trabalhar preventivamente. Isso envolve o aconselhamento oportuno de
- uma amamentação natural até o desenvolvimento da capacidade mastigatória
- bons hábitos alimentares que desenvolvam e fortaleçam músculos mastigatórios, ligamentos, tendões e ossos maxilares de forma simétrica
- respiração nasal com bom selamento labial e
- boa postura da cabeça
O aconselhamento, a educação dos pacientes, pode assim gerar um desenvolvimento saudável e harmônico dos maxilares e, consequentemente, de toda a face, o que repercute de forma positiva sobre toda postura corporal. Assim, aparelhos podem ser evitados.
O uso de aparelho dental, portanto, é sempre uma atitude interceptativa e/ou corretiva. “Quando se percebe que algo está dando errado, é preciso interceptar. Nesses casos, utilizam-se aparelhos intraorais para prevenir o desenvolvimento de problemas mais sérios, o quanto antes, melhor”, explica Dra. Elisa.
Por exemplo: aparelhos miofuncionais (de silicone, usados para estimular músculos, ligamentos, língua e postura mandibular, para que essas estruturas sejam fortalecidas),servem para prevenir problemas nas arcadas. Portanto, não são corretivos, mas interceptativos — e, muitas vezes, seu uso é associado ao tratamento fonoaudiológico.
“Quando as coisas já deram errado, é preciso corrigir os danos. Nesses casos, utilizam-se aparelhos intraorais corretivos (existem vários tipos). É o que ocorre em pacientes com:
- mandíbula (único osso móvel do crânio) muito para trás ou muito para frente;
- maxila (estrutura óssea que forma a órbita, a cavidade nasal e o palato) muito para trás ou muito para a frente;
- mordidas profundas, abertas ou cruzadas;
- apinhamento dos dentes; entre outros quadros com problemas já estabelecidos.
Além disso, existe uma forma de trabalhar interceptativamente e, ao mesmo tempo, corretivamente, atuando nas chamadas pistas diretas. Para isso, realizam-se acréscimos em resina ou pequenos desgastes nos dentes, de modo a promover uma função mastigatória mais equilibrada. “Na prática, essas intervenções são capazes de remodelar, por meio da função, as arcadas e a articulação temporomandibular (ATM)”, esclarece a especialista.
Existe uma idade mínima ou máxima para usar aparelhos intraorais?
Não! Quando necessário, uma criança pequena, desde que seja tranquila, pode usar um aparelho intraoral interceptativo ou mesmo corretivo. O mesmo vale para idosos com idades avançadas, que precisam corrigir as arcadas dentárias.
Já no caso dos aparelhos intraorais miofuncionais, o uso começa bem cedo, a partir de um ano. Estes recursos são utilizados para fazer exercícios em alguns momentos do dia, com as crianças devidamente assistidas. Nas mais velhas, pode-se utilizá-los para dormir.
Qual é a diferença entre um aparelho de OFM e um alinhador invisível?
A indicação do aparelho dental, assim como toda a estratégia de tratamento odontológico, deve ser personalizada. Afinal, existem vários tipos, indicados conforme a necessidade e preferência de cada paciente. Veja as diferenças entre aparelhos de ortopedia funcional dos maxilares (OFM) e alinhadores invisíveis a seguir.
Aparelho de OFM
Quando há desvios no posicionamento das arcadas ou problemas funcionais (causados por respiração oral ou mastigação unilateral),indica-se o uso do aparelho de OFM. É importante saber ele é único no sentido de atuar sobre músculos e ligamentos, assim como articulação e postura. Trata-se, portanto, de um equipamento muito completo, que atua nas estruturas que precisam ser estimuladas.
Conheça o tratamento: Ortopedia funcional dos maxilares
Acontece que, na maioria das vezes, os melhores candidatos a esse tipo de tratamento são crianças e adolescentes. Adultos, geralmente, têm mais restrição no uso dos aparelhos da OFM por conta das dificuldades com a dicção. Como alternativa, pode-se indicar alinhadores invisíveis ou aparelhos fixos autoligados (versão evoluída dos aparelhos fixos tradicionais).
Alinhadores invisíveis
Os alinhadores invisíveis têm uma vantagem social muito grande. Como mencionado, uma vez que os aparelhos da OFM são um pouco mais volumosos, alguns pacientes têm dificuldade de se adaptar. Já as crianças, com raríssimas exceções, não ligam para essa dificuldade.
Assim, para adultos, muitas vezes, é necessário lançar mão dos alinhadores invisíveis ou dos aparelhos de ortodontia fixa. A grande desvantagem dos alinhadores invisíveis e dos fixos, apesar de serem completos em vários aspectos, é que eles não expandem as arcadas. Então, quando há falta de espaço, os alinhadores invisíveis e os fixos precisam de extrações dentárias ou diminuição do tamanho dos dentes, com consequente diminuição do precioso volume bucal, o que pode ter consequencias importantes na qualidade do sono. Definitivamente, o Centro Conscientia sempre busca alternativas para qualquer procedimento que cause a diminuição do volume bucal.
Quais são os benefícios para além dos dentes?
O uso do aparelho dental, principalmente da OFM, reposiciona as arcadas e trabalha os músculos, os ligamentos e a postura da cabeça. Dessa maneira, ocorre um relaxamento das tensões orofaciais — o que pode acabar ou, ao menos, aliviar dores de cabeça, cervicais, nos ombros e na ATM (articulação que abre e fecha a boca).
Além disso, pouca gente sabe, mas a correção das oclusopatias reduz o risco de desenvolver alguns problemas de visão (como a miopia). Isso porque a arcada superior está inserida no osso maxilar, que se relaciona com a parte óssea interna da órbita.
E tem mais: você sabia que a mastigação unilateral favorece o desenvolvimento craniofacial unilateral, afetando a audição? Por isso, corrigi-la com aparelhos funcionais, como os da OFM, reduz o risco de apresentar problemas auditivos.
Fora isso, no Conscientia estamos oferecendo uma nova modalidade de aparelhos intraorais: o aparelho para ronco. Ele é indicado para adultos que sofrem com apneia, condição relacionada a problemas cardiovasculares, distúrbios metabólicos (diabetes, obesidade, gordura no fígado etc),baixa cognição e por aí vai. Estima-se que, em média, 30% da população adulta têm apneia moderada ou severa.
E quando o paciente não gosta de nenhum tipo de aparelho dental?
“Eu nunca recomendo começar um tratamento de OFM, ortodontia ou um trabalho miofuncional quando o paciente está em crise existencial. Afinal, é necessário energia para sair de um estágio A para um estágio B. A pessoa tem que desejar fazer o tratamento, e, ao mesmo tempo, estar pronta para ele, ter entusiasmo e energia para esse projeto. Ela precisa estar disposta a levá-lo adiante e proporcionar, a si mesma, uma mudança de paradigma através da boca. Isso é muito fácil para as crianças em geral, mas é mais complicado para a maioria dos adultos”, conta a especialista.
Assim, quando o paciente não tolera o aparelho de OFM nem os alinhadores invisíveis e, também, não quer usar aparelho fixo, entra em cena a sabedoria do dentista. Cabe a especialista mostra que o uso de um aparelho dental é um período de transição. “Às vezes, é necessário passar pelo desconforto temporário para chegar ao objetivo pretendido”, conclui Dra. Elisa. “É preciso que o paciente conheça as vantagens de saúde que o tratamento com um aparelho vai lhe proporcionar e mesmo que problemas pode evitar. E aí é uma questão de opção!”
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