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Práticas Integrativas e Complementares

Saiba como funciona a contenção ortodôntica

Você acha que o emprego da contenção ortodôntica a longo prazo é um requisito essencial para dentes alinhados? E que, contanto que estejam “escondidas”, elas podem ser mantidas sem preocupação? Lamentamos informar, mas esse (apesar de amplamente praticado) não é o melhor caminho.

Neste artigo, explicamos os perigos de “segurar” os dentes em posições não funcionais indefinidamente, tanto em relação a problemas periodontais, quanto a recidivas. Explicamos, também, porque na abordagem da ortopedia funcional dos maxilares (OFM), o uso da contenção não está sujeito a essas complicações. Confira!

Para que serve a contenção ortodôntica?

Para entender para que serve a contenção ortodôntica, é preciso compreender como é feita a movimentação ortodôntica convencional. Basicamente, ela consiste em empurrar os dentes através dos ossos maxilares(mandíbula e maxila),forçando as suas raízes.

Todo esse processo cria um trauma temporário nos ossos, formando regiões de baixa densidade óssea  nos lugares onde as raízes estavam anteriormente. Portanto, a contenção ortodôntica serve para “dar tempo” para que os ossos se regenerem ao término da movimentação.

Em média, quanto tempo o paciente precisa usar a contenção?

“Teoricamente, as raízes dos dentes movimentados deveriam se estabilizar depois do período da neoformação óssea. Esse dura em torno de alguns meses”, explica a Dra. Elisa Baumgarten, dentista clínica integrativa do Centro Conscientia, localizado em Florianópolis, SC.

Muitos ortodontistas convencionais indicam que o tempo de contenção ortodôntica deve ser igual ao tempo de movimentação. Por exemplo: se o tratamento durou 24 meses, a contenção, geralmente, deve ser mantida pelo mesmo período.

Quando o uso da contenção não impede o desalinhamento?

“Normalmente, os ortodontistas mantêm as contenções fixas inferiores anteriores indefinidamente para evitar recidivas (e, muitas vezes, as superiores anteriores também),conseguindo um alinhamento não estável. Esse, não raro, implica numa leve inclinação dos dentes para fora, o que aumenta o diâmetro do arco dentário, aumentando o espaço para acomodá-los, considerando que estavam, anteriormente, encavalados. Porém, os dentes precisam estar no seu eixo funcional. Dentes inclinados para fora, mesmo que ligeiramente, não são estáveis. Nesse cenário, se não for colocada uma contenção, os dentes vão retornar à posição original, na qual não há estabilidade funcional”, esclarece a especialista.

Importante salientar, que, sob ponto de vista biológico, pequenas assimetrias ou imperfeições fazem parte do natural. Mínimos encavalamentos deveriam ser considerados aceitáveis.  A cultura do absolutamente perfeito tem o seu preço.

Quais são os tipos de contenções existentes e como cada um atua?

Existem três tipos de contenções ortodônticas. Conheça-os a seguir.

Contenção ortodôntica fixa

A mais comum de todas as contenções é a já citada contenção ortodôntica fixa. Trata-se de um fio metálico, geralmente colado atrás dos dentes, tanto na arcada superior, como na arcada inferior.

Contenção ortodôntica de acetato

Existe, ainda, a contenção ortodôntica de acetato. Apesar de móvel, muitos pacientes não conseguem se adaptar bem a essa alternativa, principalmente, os que têm bocas mais sensíveis.  Isso porque, para algumas pessoas, o “plástico” que fica entre os dentes é bastante incômodo. Portanto, trata-se de uma opção não ideal.

Contenção ortodôntica removível

contenção ortodôntica móvel consiste no uso de aparelhos removíveis feitos de acrílico com fios de inox. Em geral, eles precisam ser mantidos pelo período de um ano, após o término da movimentação.

“Em termos biológicos, essas contenções são melhores, pois têm uma maior biocompatibilidade. Ainda assim, o ideal seria que fossem necessárias apenas por um pequeno período”, afirma Dra. Elisa.

Quais são os malefícios do uso da contenção “eterna”?

A contenção fixa dificulta a autolimpeza e a higiene bucal, levando ao acúmulo de placa bacteriana. Quanto mais tempo com ela, maiores os riscos, como doença periodontal e outras complicações. Para piorar, muitas vezes, os pacientes sequer recebem orientações para fazer a higienização adequadamente. Essa costuma exigir o uso do passa-fio, de escovas especiais e, por vezes, de jatos de água. “Não é incomum encontrarmos pacientes com contenções completamente recobertas por tártaro e placa bacteriana e com a gengiva totalmente inflamada”, explica a Dra Elisa.

Também é preciso considerar que, quando os dentes mastigam, existe um amortecimento, um “molejo”, que distende levemente  as finas fibras do ligamento periodontal  que unem a raiz do dente ao osso e à gengiva. Essa movimentação ativa a circulação sanguínea da região, vitalizando o osso e a gengiva ao redor do dente.  Assim, a cada mordida, os dentes intruem no osso, isso é, descem e depois sobem de novo, como um amortecedor.  “Portanto, esse é um micro movimento fisiológico muito desejável. Entretanto, a contenção ortodôntica o dificulta e, consequentemente, compromete a saúde óssea natural da região ”, explica a dentista.

Fora isso, sempre que há um aparelho na boca, qualquer que seja (fixo, de OFM, placa de mordida, para ronco ou qualquer outro),este deveria ser supervisionado regularmente, pois é um elemento estranho à boca e o seu uso indevido pode trazer problemas.

A OFM dispensa o uso da contenção?

Não. A diferença em relação à ortodontia convencional é que os pacientes não precisam usar a contenção por longos períodos.

Isso porque, na OFM ocorre uma reorganização dos ossos maxilares (não dos dentes),por meio do estímulo de músculos, tendões e ligamentos. Assim, os dentes apenas se reacomodam segundo essa reorganização óssea.

Portanto, após o término da remodelação óssea, utiliza-se a contenção. Essa consiste no uso do próprio aparelho móvel, que deixa de receber os ajustes (ativações).

Como é o uso da contenção na OFM?

O emprego da contenção na OFM é como um “desmame”. Funciona assim:

  • inicialmente, utiliza-se o aparelho por alguns meses, em período integral;
  • depois, por mais algum tempo, por meio período e para dormir;
  • por fim, por mais alguns meses, mas apenas durante a noite.

O processo completo leva, mais ou menos, um ano. Ao término, o tratamento é considerado concluído — graças à estabilidade no posicionamento dos dentes.

Para concluir, é importante reforçar que isso só é possível porque a OFM não atua sobre os dentes, mas sobre os ossos. Assim, o uso da contenção ortopédica é efetivo e relativamente rápido.

Em caso de dúvidas, sinta-se à vontade para entrar em contato. A equipe do Conscientia está à disposição para esclarecimentos!

Publicado por:
Dentista Clínica Integrativa | CRO/SC 8724 | Graduada pela Universidade de São Paulo (USP) em Farmácia e Bioquímica e em Odontologia, é Mestre em Bioquímica pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Realizou aperfeiçoamentos em Periodontia, Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares, Terapia Floral e Aromaterapia. Além disso, é especialista em Homeopatia pela Fundação Homeopática Benoit Mure de SC e pela Alpha/Facop em São Paulo e possui formação em Mindfulness MBHP (Mindfulness Based Health Promotion) pelo Centro Mente Aberta, associado à UNIFESP, Universidade Federal de São Paulo.

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